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sexta-feira, 6 de março de 2009








AS KANTLES E A TRADIÇÃO MITOLÓGICA LETÃ

A mitologia da Letônia parece englobar não apenas a tradicional estrutura indo-européia, mas parece enquadrá-la numa estrutura matriarcal pré-definida. Algo natural para uma população que conservou-se numa encruzilhada de culturas distintas. Deteremo-nos por um instante em certos aspectos destas trocas culturais.
Os cronistas medievais relatam as dificuldades enfrentadas na cristianização do Báltico. A atual Letônia, localizada na foz do Daugava, no golfo de Riga, torna-se naturalmente o ponto principal de contato entre os diferentes. A primeira a ser cristianizada entre os bálticos, porta de entrada da fé católica e um dos primeiros locais a tornar-se protestante, teve de conviver ao longo de sua história com inúmeros vizinhos: sucessivamente fineses, godos, vikings, eslavos e alemães. O idioma letão possui toda primeira sílaba acentuada, como no finlandês. O alfabeto rúnico é empregado desde os tempos dos godos. A mitologia possui muitas equivalências escandinavas, e a Livônia foi o segundo local na europa a receber o protestantismo alemão.


Apesar destes contatos (culminantes nas tentativas soviéticas de russificação dos bálticos), manteve-se muito dos costumes tradicionais, ainda que não se conheça tão aomplamente assim seus significados reais. Como exemplo, temos a festa de São João, praticada atualmente na Letônia, que não é nada mais que uma máscara cristã de cultos relacionados aos carvalhos. Toda a forma é mantida, desde a queima das toras, o uso das piras, os cânticos e as flores (excetuando-se, obviamente, os sacrifícios –tanto humanos como animais).

KANTELES

Kantle é o termo reconstruído por lingüistas e etnólogos empregado para definição de um dos mais típicos instrumentos musicais da região báltica. Os termos são no Letão kokle, Lituano Kankl, Estoniano e Vote kannel, Finlandês e Izhor (íngrio) kantele, Karélio kandele, Vepse kandel, Lívio kendla, Saami (Lapão) gan’del, russo gusli.A Kantle é um instrumento da família do Saltério, consistindo em uma espécie de cítara ou uma harpa deitada. Alguns consideram as kantles uma família própria de instrumentos, chamando-os de “Saltérios Bálticos".

Kokle de Kurzeme, Letônia Ocidental

O número de cordas varia de região para região, bem como o formato do instrumento (em geral trapezóide). A ornamentação é também diversa de kantle para kantle. Em virtude deste formato, bem como da ornamentação, pode-se abstrair e ler uma vasta gama de significados estético-religiosos.

E as kokles possuem para a Letônia a mesma importância que as kanteles, na Finlândia. As kokles de Kurzeme, no entanto, mantém uma ornamentação mais rica e sortida do que qualquer outro tipo de kantle existente. Os sinais são escritos e talhados nas kokles, mas quase provavelmente seus construtores não sabem o que significam. Pesquisas mitológica letãs, no entanto, vêm demonstrando o significado de diversos destes símbolos, principalmente através da análise dos cantos populares. Eis alguns exemplos:

Mara;uma designação de inúmeras divindades femininas letãs; neste caso (Mara liklocis),representando a àgua.


Saule (o Sol).








Dievs, o “Odin” da Letônia. Posteriormente empregou-se o termo para Deus.






Marti, um dos condutores da carruagem de Saule.






Citamos aqui quatro exemplos de divindades antigas da Letônia: Dievs, Mara, Saule e Martiņš. Uma lista mais completa precisaria incluir Perkons, o deus do trovão equivalente ao Thor germânico. E, a propósito, os bordados populares ainda atualmente encontram-se com ornamentos de Perkons – que nós conhecemos por outro caminho como a Suástica...) Jumis, Usi, além de muitas divindades femininas, as laimas (felicidade). Há laimas para a terra (zemes mate), rios, mar, bosques, entre inúmeras. E o próprio sol (Saule) é do sexo feminino. Muito mais na Letônia que Lituânia encontra-se o panteão impregnado das divindades fermininas, característica normalmente encontrada nas sociedades pré-neolíticas[26]. Basta observar que a tradicional tripartição básica do panteão indo-europeu, bastante relevante no folclore lituano (Perkunas, Patrimpas e Pykuolis nos Baltos, equivalentes aos germânicos Thor, Freij e Odin), pouca importância tem na Letônia.
Se, por um lado são bastante considerados Perkons e Dievs, o são não como partes da “trindade” indo-européia, mas sim como uso de nomes a divindades de caráter marcadamente ugro-finês. Dievs assemelha-se ao Ukko dos fineses, muito mais do que ao Pykuolis dos Prussos e Lituanos. É como o emprego do nome Deus a Jeová, um vocábulo indo-europeu numa divindade oriunda de outra cultura. Entretanto a mescla é muito forte para se efetuar declarações categóricas a respeito de a qual mitologia pertence tal deidade, o que reitera nossa argumentação a respeito do ponto de encontro balto-finês no território letão.
A ornamentação com símbolos mitológicos nas kokles aparece em principalmente duas recorrências: Saule com Mara liklocis e Dievs, Mara no Zalktis.


Saule e Mara Liklocis










Zalktis












Mais informações e fonte deste resumo no site: http://www.geocities.com/pjchronos/kokles/index.htm

Miquilissssss

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